ato libertário não espontâneo

se sentia presa, na verdade nem sentia, apenas andava por aí carregando pesos amarrados aos pés, puxando correntes em corredores sem vida. A vida estava pesada, e ela nem sentia. Nem sentia que já não vivia, era tudo assim mais ou menos. Ela estava fingindo. Dizia para si mesma que tudo era tudo que havia de ser, que não deveria esperar por muito mais. E não esperava, contentou-se, achava-se feliz. Mas este feliz inventado foi como socar aquele gosto sem sal dum contentamento desalegre garganta abaixo, dia após dia. Ela nem sentia. Um dia acordou enjoada, vomitou. Vomitou raiva, desamor. Sobrou, nada. Por alguns dias viveu vazia, operando num jejum de sentir, nem cheiro fazia a memória funcionar. Era liberdade, que veio forçada, mostrar sua força, devolver o gostinho de vida que faltava. Ela se lembrou do que sempre soube, nasceu borboleta. Agora ela podia voar. Agora voava tão bela, é de se emocionar;

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