este poema não é meu

este poema não é meu
este poema é maior

é o poema escrito pelo sol ao beijar minha pele
quando eu saio pra rua a procura de vida
está escrito pelo vento que vai dançando com as arvores
porque pode
é criado quando piso com devoção meus pés no chão
porque é pela raiz que a grandeza se oferece

existe desde que a primeira estrela
decidiu casar com o infinito
só pra amar mais um pouquinho

é o poema do ar que se respira
só pra renovar
e do sangue que corre
num umedecer que não deixa morrer
é o poema das mãos que entrelaçam
quando uma energia entra na outra,
mistura.

o que se escuta é o sussurar de um poema único.
A única canção
quem carrega um poeta no coração pode escutar
é o poema da união

ato libertário não espontâneo

se sentia presa, na verdade nem sentia, apenas andava por aí carregando pesos amarrados aos pés, puxando correntes em corredores sem vida. A vida estava pesada, e ela nem sentia. Nem sentia que já não vivia, era tudo assim mais ou menos. Ela estava fingindo. Dizia para si mesma que tudo era tudo que havia de ser, que não deveria esperar por muito mais. E não esperava, contentou-se, achava-se feliz. Mas este feliz inventado foi como socar aquele gosto sem sal dum contentamento desalegre garganta abaixo, dia após dia. Ela nem sentia. Um dia acordou enjoada, vomitou. Vomitou raiva, desamor. Sobrou, nada. Por alguns dias viveu vazia, operando num jejum de sentir, nem cheiro fazia a memória funcionar. Era liberdade, que veio forçada, mostrar sua força, devolver o gostinho de vida que faltava. Ela se lembrou do que sempre soube, nasceu borboleta. Agora ela podia voar. Agora voava tão bela, é de se emocionar;

meu poder

a palavra é liberdade
o sentimento de plenitude
a ordem: aceitação completa
Esse é meu compromisso, ele é só com o amor

descobri a fórmula
esse é meu poder
Por que as vezes
ME esqueço?

violência e leveza

essa é a minha violência de ser.
desentrelaçar tantos nós possíveis,
com meus dentes.

devorar a verdade inata de tudo.

porque eu digo o que falo
por querer saber em voz alta,
quase num berro,
nada sutil,
do que sou feita.

e eu sinto que quero mais,
pra sempre,
em pleno contentamento.
porque existe em mim também
a opção de ser leve.

existir

- eu só existo agora!

(precisava desabafar)

eu quero vibrar!

eu quero vibrar
escolho vibrar alto
regular, pulsante

quero vibrar como universo

o amor eterno

eu tenho a eternidade
eu tenho todo tempo do mundo
por isso não me preocupa te perder
agora

que feliz será
te esquecer
e te lembrar
teu amor vida após vida
um reapaixonar eterno

eu tenho toda eternidade
e sou o tempo
em cada piscar infinito
tudo completo

só assim a paz

e não é isso vida?

minha vida eterna
é o meu amor que nunca nasceu
que nunca morrerá
ele só é

permanece

eu sou a paz

eu sou a paz que eu quero pra mim
eu sou a felicidade que eu quero dar
eu sou o amor que se pode sentir
eu sou um deus que pode se tocar

que da minha boca só sai a mais bela verdade