A falta de, me incomoda. Prefiro agir pelo exagero.
Então opera em mim o dom de preencher espaços; de tudo que está, e agora estava:
Vazio, Em Branco ou em Silêncio.

seca

Ela estava um pouco seca. Seca de amar, seca do amor. Ali onde corria antes, pouco antes, a pura água sagrada do amor, agora se encontrava apenas terreno árido, seco e vazio. E nada crescia, nada se pronunciava. Mas, ela, sentia o secor, sentia desidratar. E como mera observadora, apenas testemunhava aquilo tudo com tristeza, de quem vê um jardim morto, onde antes já houvera tanta flor e, cor. Ela estava triste.

óculos

Ao franzir a testa, ela testemunhava o próprio nó da garganta contrair e pedir alivio.
Queria sair da dor e liberar aquele musculo. E por ultimo, nao queria aquela ruga incomoda e óbvia ali: a marca fincada na testa - talhada vinco a vinco, para lembrar sempre dos dias em que foi fraca e se rendeu
mais uma vez a amargura, ou de apenas quando esquecera os oculos.
E os dois são tao burros. Os oculos e a amargura.

você pra mim sou eu;

...E ela se perguntava ali sentada: Quem é você?
Bom, você é você. E quem é você pra mim?
Tinha que questionar. Eu sou o seu pior e o seu melhor.
Menos mal.

uma vez

O que está acontecendo - pensava ela. Tudo isso de ser , e estar, ali, parecia tão comum, mas ali, agora, o comum também estava fora do lugar e encomodava.
Pensar em viver, conviver, precisar existir era pesado; não encontrava ar, nem espaço para esse fardo.
Sim pois agora tudo isso significava apenas isto, um fardo.
Um fardo, grande, escuro, ácido, áspero e conturbado.
Ah, a vida um dia fora simples. Mas tudo isso voltaria a ser. Era de se esperar.